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domingo, 28 de setembro de 2008

...O português gosta de ser o 'chico esperto'

Para além das questões relacionadas com a má aplicação do Bom Senso (vide, “... prepare-se em casa, como de costume”), está correlacionada a gasta justificação da Falta de Tempo que para alguns não é mais do que a irresponsabilidade de banalizar a variável Tempo num projecto (qualquer que seja o projecto).

O editor Zorro noticiou este problema em CERN... OU A MÁQUINA DO FIM DO MUNDO (PARTE II), escrevendo o seguinte: “Ao que tudo indica, o contratempo foi originado pela FALTA DE TESTES à alta energia num dos oito sectores que formam o acelerador (segundo fontes não confirmadas, os testes ao sector 3-4 não foram efectuados por falta de tempo...)!”.

Diz o Bom Senso (o maligno) que o Tempo necessário e suficiente para a execução dum projecto é a diferença entre duas datas. A data em que tem de estar finalizado e a data em que somos informados que o projecto já começou. Tudo o resto é desperdício.

Muito curiosa é a entrevista do arquitecto Eduardo Souto Moura cujos problemas referidos, para mim, não são exclusivos aos projectos de arquitectura:

“O problema número um para mudar: não se pode continuar a fazer projectos com os prazos que os clientes nos impõem. Não é que não se consiga, o que se faz é mau. Copia-se tudo lá de fora, por que não se copia isso? Por exemplo, um projecto importante, num sítio importante, onde todos vão ver durante anos, que vai afectar muita gente, que custa muito dinheiro, e cá dão-nos um prazo de três ou quatro meses? Tudo atabalhoado. Depois diz-se: a obra resvalou. Uma mentira. O Estado e os clientes gostam de mentir a eles próprios. O português gosta de ser o 'chico esperto'. A arquitectura é uma arte social que desenha espaços, mas a coisa mais importante para desenhar espaços é o tempo. É mais importante o tempo na arquitectura que o espaço. E lá fora, os projectos demoram o que for preciso, um ano, dois. E, se forem coisas complicadas em sítios públicos muito importantes, levam três anos, porque há um período de debate com maquetas, todas as câmaras têm um "stand" com os novos projectos, as pessoas fazem sugestões, vêm os partidos, as juntas de freguesia e o arquitecto vai anotando e mudando. E quando está tudo decidido, a construção é muito cara e então é tudo detalhado ao milímetro e ninguém pode falar, nem o arquitecto pode ir à obra para não baralhar tudo. E a obra tem de andar muito rapidamente, seis ou sete meses. Aqui é ao contrário. Ou há eleições, ou porque vai chover no Inverno e é preciso começar no Verão, ou porque vamos perder a verba da UE, os projectos são mal feitos. E como são mal feitos, têm pouca informação, levam o dobro do tempo. Depois há improvisos e isto dá um dispêndio de energia e financeiro brutal.”

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